domingo, setembro 03, 2006

Internet



Com a finalidade de melhor entender o fenómeno da Internet, no nosso país parece-me pertinente analisar as definições de alguns autores acerca deste tema.
Num passado recente, Humberto Eco, definiu a Internet como sendo “uma grande livraria desordenada”.
É considerada por outros autores como sendo uma auto-estrada, devido às suas inúmeras possibilidades de saída.
Para Giddens, a Internet é “uma biblioteca global de multimédia” .
Contrariamente, Gustavo Cardoso afirma que a Internet não é uma Biblioteca Digital, pois esta não pode ser inventariada e catalogada, na sua plenitude.
Esta também não possui bibliotecários, independentemente se são ou não humanos, também não está disponível segundo os interesses dos seus utilizadores, mas sim segundo os interesses comerciais; e é um sistema bastante complexo, em que ainda é impossível quantificar a sua dimensão.
Segundo o autor “a biblioteca é um espaço onde se encontra o registo da memória, fixada em história, da humanidade; pelo contrário, a Internet é um espaço de eleição para a memória não histórica – memória de eventos, pessoas, ideias, memória social”.
O autor ainda afirma que “a Internet não é o ciberespaço”. Ele comenta esta sua afirmação explicando que os seus limites são diferentes e que a Internet está inserida no ciberespaço e que esta faz parte dos seus componentes.
Ao longo de um curto espaço de tempo, esta nova tecnologia de comunicação tem tentado transpor a ausência física, compensando com troca de imagens e fotografias, ou até mesmo com webcam; ou até mesmo esquecer que existe essa falta de presença.
Segundo Manuel Castells, a Internet é a base tecnológica de um conjunto de nós, ao qual designa por rede, sendo esta uma característica da chamada Era da Informação, e que não se desenvolveu apenas no plano económico mas também no plano social. Tem um espaço físico, e uma lógica e linguagem própria, não possui uma cultura própria pois – segundo Castells – são as culturas que são atravessadas pela Internet.
A Internet provoca uma redução nas distâncias, o tempo deixa de ter importância e a geografia é completamente ignorada.“A Internet não é uma utopia” – diz Castells. Pois esta permite que os indivíduos quebrem as suas regras, ultrapassem barreiras e transponham valores.
Laura Garton, Caroline Haythornthwaite e Barry Wellman, afirmaram que se pudessem utilizar uma metáfora para definir a rede da Internet, diriam que esta é uma grande teia, com nós que se inter-cruzam. É um local onde existe uma diversidade de relações, vínculos e tipos de redes.
As relações que se estabelecem podem diferir, por exemplo, no que diz respeito à finalidade, ao fluxo e ao conteúdo. Os vínculos também variam, podendo ser únicos ou múltiplos, fracos ou fortes, dependendo do grau de intimidade e contacto que se estabelece, na Internet.
Segundo Lídia Silva, a Internet, é “um espaço simultaneamente real e virtual, de informação e contexto de interacção, (…) mas que altera as suas próprias coordenadas espacio-temporais, (…) compactando-as, ou seja, o espaço e o tempo existem na medida em que são construções sociais partilhadas”.
No seu livro, A Vida no Écran, Sherry Turkle, diz que a Internet é um sistema de redes que se encontra em rápida expansão, e faz a conexão entre milhares de pessoas, alterando não só a sua rotina, como também a sua forma de pensar, e pode até mesmo alterar a sua verdadeira identidade. Esta autora enuncia, Ray Oldenberg, antropólogo, na sua definição de Internet: “Lugar belo e acolhedor onde os membros de uma comunidade podem reunir-se para desfrutarem os prazeres da companhia fácil, da conversa e de um sentimento de pertença.”
Pode-se afirmar que o espaço virtual é a dimensão da sociedade em rede, onde se estabelecem novas formas de relações sociais.
Segundo Parsons, esta rede é “um conjunto de elementos que se encontram em interacção, ou um conjunto de elementos interdependentes que formam uma totalidade coerente”. O sistema complexo da rede informática originou o aparecimento de diversas tribos ou grupos electrónicos. Estes são formados por indivíduos anónimos e livres, fazendo com que a sua interacção seja desprendida de qualquer controle.

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