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quarta-feira, janeiro 30, 2008

Weber e a Burocracia


Inicialmente as empresas eram dirigidas de uma forma muito pessoal, num ambiente desprendido de regras, em que os trabalhadores eram leais e apenas estavas ligados a uma só pessoa, apenas tinham uma chefia. Onde os objectivos dos empregados se elevavam acima dos objectivos da organização.
A Burocracia desenvolveu-se devido à instabilidade e parcialidade da Teoria Clássica e da Teoria das Relações Humanas, onde se verificava a ausência de uma abordagem global, completa e envolvente das organizações.
Marx Weber ao estudar os sistemas religiosos do ocidente e alguns do oriente constatou que existia entre eles uma semelhança: influíram o aparecimento do capitalismo. Para ele o capitalismo era “uma forma distinta de organização económica”
[1], que favorece o desenvolvimento social. E é com o capitalismo que a burocracia tem um maior impacto.
Com isto, este sociólogo entendeu que as empresas deveriam ser geridas de uma forma impessoal e racional, pois também as empresas cresciam a grande ritmo e a sua complexidade aumentava. Daí surgiu a necessidade de se estabelecer um modelo organizacional bem definido, a Teoria da Burocratização, vista como sendo um tipo ideal de gestão.
Segundo esta teoria, o homem poderia ser remunerado, não só para trabalhar, mas também para ter atitudes e comportamentos predeterminados, de forma que estes não interfiram nas tarefas a realizar.

Para Weber, “A Burocracia é o único modo de organizar eficientemente um grande número de pessoas, e, assim, expande-se inevitavelmente com o crescimento económico e político”.
[2]
Mas não foi somente a burocracia que se desenvolveu, as novas tecnologias e as novas ciências também, desenvolvimento ao qual Weber designa por racionalização. E racionalização é a organização economico-social, segundo princípios de eficiência, tendo como suporte o conhecimento técnico.
Para o sociólogo alemão, todas as organizações, estão, na sua maioria, impregnadas de burocracia, até mesmo nas sociedades mais tradicionais da China, no entanto a burocracia só se desenvolveu com a modernidade. Apesar de ter lacunas, este conceito, era a melhor forma de lidar com as complicações administrativas, dos sistemas sociais.

Construiu o tipo ideal de burocracia, e com este estudo enumerou algumas características:
Hierarquia – a tarefa deve ser encarada como um dever; na pirâmide da burocracia, a autoridade máxima está situada sempre no seu cume, e até á sua base encontram-se mais indivíduos de autoridade, mas à medida que se desce no triângulo a autoridade vai diminuindo. Os dirigentes não procediam consoante a sua personalidade mas de acordo com o poder legado à sua função e cargo;
Regras – as regras dirigem todos os empregados, que pode ser interpretada de várias formas, e que é mais vasta nos cargos mais altos. Tem por base uma legislação própria, concebida anteriormente, apresentada de uma forma escrita. O empregado não pode fazer o que ele pretende mas sim o que a organização exige que ele faça;
Trabalhadores remunerados – a exercerem a sua função a tempo inteiro, com vencimentos invariáveis, de forma a, se estabelecerem numa determinada carreira, e onde as promoções são adquiridas por antiguidade e/ou na capacidade de trabalho;
Divisão de trabalho – cada empregado tem a sua tarefa, e a sua vida privada não pode interferir na sua vida profissional. Esta divisão é feita de uma forma racional e está dependente dos objectivos a atingir. São profissionais especializados e assalariados;
Recursos materiais – nenhum empregado é proprietário dos recursos materiais com os quais trabalha, nem controlam meios de produção; tudo é pertença da organização onde trabalham.

Uma organização que tivesse estas características era, segundo Weber, uma organização eficaz, precisa, rápida e clara efectiva e eficiente, bastante superior a outras formas de organização.
Recta, produtiva, justa e objectiva. Impregnada de regras e procedimentos formais com o objectivo de sucesso.
Os funcionários das organizações burocráticas eram seleccionados e promovidos segundo a sua competência, a sua admissão era feita através de testes e concursos; não eram uma propriedade da organização onde trabalhavam.

Weber enumerou algumas vantagens da burocracia:
O racionalismo referente aos objectivos a alcançar, torna a organização eficiente;
A exactidão da definição e atribuição de tarefas que proporciona uma maior rapidez nas deliberações da organização, quando se toma uma decisão, esta é igual em todas as chefias;
Como as regras são feitas de uma forma escrita, não há lugar a equívocos, tudo é previsível, até as alterações;
A rotina conduz ao padrão, o que implica uma redução de custos e erros, e os profissionais não interferem nas tarefas dos outros;
Subsituação imediata de um funcionário que saia da organização.

No entanto, esta teoria, não tem só vantagens, por vezes podem surgir algumas desvantagens:
Devido à importância das regras, muitas vezes são esquecidos os objectivos da organização, e as próprias regras passam a ser objectivos;
Absolutismo de regras;
Como tudo é feito e comunicado de uma forma escrita, o excesso de papel e o excesso de formalismo são evidentes;
A existência da padronização cria uma barreira à aquisição de novos conhecimentos; a mudança não é desejada;
A impessoalidade aprofunda os cargos, fazendo diminuir o relacionamento entre os profissionais;
As decisões são sempre tomadas pelas chefias – autoridade;
Chefias passam a estar sinalizadas, surgem diferenciação de status, conforme a autoridade que possuem;
Fechada à mudança e à criatividade.

Com tudo isto, pode-se afirmar que o objectivo da burocracia é a máxima eficiência dentro das organizações. É um sistema social que predomina nas sociedades modernas, e não implica só a administração das organizações mas também dominação; é uma forma de poder hierárquico e autárquico que pertence ao grupo de pessoas que se encontram em gestão – os burocratas.
Esta teoria não existiu apenas no tempo em que foi iniciado o seu estudo, presentemente esta teoria ainda é bem visível nas empresas públicas e privadas.



[1] Anthony Guiddens (2000), Sociologia, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, pág. 29
[2] Idem

Classes Sociais


Classe é um grupo de individuos que têm igual valor de bens, património e poder. Existem vários tipos e formas de classe: para pertencer a uma classe um individuo tem de ser detento de propriedades e monopólio no mercado onde se movimenta, ou viver de rendimentos passados ou presentes e ter status.
Apesar disso não existe uma “luta” de classes, estas vivem sem ultrapassar os “limites” da sua classe. O que se verifica é uma “luta” dentro das próprias classes, sendo mais notória na classe mais pobre.
Segundo Weber existem três classes sociais:
os ricos, proprietários de rendimentos, empresários, banqueiros e intectuais; detentores de grandes empresas e oferecem trabalho
os pobres, que são o “Proletariado”, os individuos sem dinheiro, operários, sem status e sem qualificação;
e a chamada” Classe Média – situada entre ambas - que têm uma escolaridade, conseguindo um melhor emprego, o que permite a uma melhor condição de vida, ou seja, a pequena burguesia.
Uma classe não é uma comunidade, apenas representam fundamentos. O que determina a classe social é o facto do individuo ser ou não detentor de “Posses”; de habitações ou terrenos, independetemente das suas dimensões.
A situação de classe é determinada pelo que o individuo tem para oferecer no mercado, podendo originar variações – a situação do mercado influência e determina a situação de classes.
Quando não há nada para oferecer, pode-se procurar o mercado não para vender ou para trocar, mas sim para pedir emprestado, assim surge o mercado de crédito. As taxas de juros praticadas estão dependentes da necessidade momentânea, e quem pede tenta sempre procurar quem lhe cobre menos juros, aí iniciam as “lutas de classes”. O que se verifica que o sector económico controla e influencia o social.
Assim, verifica-se que o mercado e o factor económico geram as classes sociais.
Existem várias pessoas que pertencem à mesma situação de classe, que têm os mesmos interesses e os defendem, muitas vezes originando comunidades que lutam com outras comunidades de situação de classe superior ou inferior. É o caso dos sindicatos, em que os seus associados se juntam, protestam e lutam pelos seus interesses – a esta movimentação designa-se por acção de massas. Originam pequenas comunidades, mas no entanto, uma classe, segundo Weber, não deverá ser considerada como uma comunidade.

segunda-feira, setembro 04, 2006

O ESTADO - Durkheim e Weber


Durkheim explica a oscilação das sociedades tradicionais em direcção a um outro tipo de sociedade, pelo crescimento da população e pela multiplicação das relações entre os indivíduos, especialmente nas grandes cidades.
Para ele, a sociedade moderna é também caracterizada por uma importante divisão do trabalho.
As variáveis demográficas são assim frequentemente utilizadas como variáveis explicativas das transformações sociais na sociologia do desenvolvimento, determinando o crescimento da população um êxodo rural e maciço e uma urbanização selvagem ou, nas análises feitas sobre o envelhecimento das populações das sociedades desenvolvidas, um factor de homogeneidade dos comportamentos.
Por seu lado, Weber mostra como uma nova ética religiosa, a ética protestante, pode criar novas restrições psicológicas que impelem os indivíduos a mudar o seu sistema de valores.

Pôr em evidência os valores, ou seja, as visões do mundo como princípios explicativos da mudança social, constitui um método frequente entre os sociólogos.
Aliás, ele explica as mudanças sociais pelo vasto movimento de racionalização (os objectos são mais precisos e a pesquisa dos meios para os atingir é conduzida de forma sistemática) do conjunto das práticas sociais resultante, entre outras causas, da generalização deste espírito capitalista.
Esta perspectiva pode explicar a tendência para a profissionalização das práticas sociais e o declínio das ideologias, deixando assim a porta aberta para uma explicação das futuras mudanças em termos de novos princípios éticos, os únicos susceptíveis de constituir uma força de transformação global.
Neste ponto, é interessante desenvolver uma comparação de Weber com Durkheim .
Durkheim pensava descobrir dentro do seu conceito de sociedade ao mesmo tempo o objecto sagrado por excelência e o sujeito criador de valores.

Weber teria respondido a Durkheim que as sociedades são efectivamente o meio no qual se criam os valores mas, que as sociedades reais nem por isso são menos constituídas por homens (por nós próprios e pelos outros) e que, se cada sociedade nos impõe um sistema de valores, não fica por essa facto provado que o sistema no qual vivemos valha mais do que os dos outros ou do que aquele que nós próprios queremos edificar.
Durkheim, na sua teoria de Estado fala no poder judicial, no seu texto “Divisão do Trabalho Social”, em que o poder judicial é a base do Estado. O seu texto sobre as corporações também entende como é o estado moderno.
O Estado de Durkheim tem a ver com a maneira como a sociedade se organiza, de forma a combater a anomia, e a ficar mais ordenada de acordo com a consciência colectiva de todos. A anomia combate-se estando o mais de acordo possível com a consciência colectiva, com as leis sociais.
O Estado, em Weber, é o resultado particular do processo civilizacional europeu ocidental que, cristaliza em burocracia aquilo que é o corpo administrativo dos dirigentes da sociedade.

As sociedades, á medida que se vão complexificando, desenvolvem quadros administrativos (um grupo de pessoas que servem o poder político) existindo várias formas de quadros administrativos, das quais uma dessas formas, típica da sociedade ocidental é burocratizar, sendo apanágio da constituição do estado ocidental.
A racionalidade é uma tendência cultural do ocidente, que se manifesta de várias maneiras: na matemática, na arquitectura, na ciência e também no Estado (através da racionalização e da burocratização).
Os partidos são o estudo da classe dirigente, e da maneira como se afim de comandar a burocracia, a qual não existe no vazio, mas sim para mediação entre poder político e o povo.
Os partidos são uma forma democrática de organizar o poder que está em supremacia.
Durkheim tem uma concepção de Estado como se este fosse a sociologia, sendo a sociologia esse mesmo Estado. Para este sociólogo, o estudo sociológico serve não só para resolver problemas sociais como também para identificar a anomia.

Depois dessa identificação essa anomia é necessário combatê-la com estratégias de redução, e uma dessas estratégias será servir o Estado como o executor de políticas que combatam a referida anomia.
O poder judicial funciona em torno de códigos, que é a aproximação jurídica á consciência colectiva, e ás regras dessa mesma consciência.

O jurista procura identificar os problemas sociais directamente a partir das queixas, enquanto que Durkheim vai pensar a sociedade em função das regularidades sociais, ou seja, aquilo que é normal para se opor á anomia.
Os tribunais recebem os efeitos da doença, que posteriormente vai formalizar, através de leis, quais as regras da consciência colectiva que permitam resolver aquele problema.
A anomia é diminuída em função da ligação dessas leis á consciência colectiva e, a consciência colectiva será portanto a capacidade social de convivência, de coesão, de harmonia. As leis devem ser feitas de maneira que sejam acolhidas pela sociedade e eficazes no combate á anomia.
Contudo, nem todas as leis o são. Há leis que caem em desuso, há outras que são desajustadas porque são contra á consciência colectiva tornando-se anómicas.
Há um método, no estado, que compreende e formaliza a consciência colectiva em forma de quadro jurídico. Este tipo de formação é uma formação estatal, é o estado que representa a sociedade.
A sociologia tentará compreender a consciência colectiva, o sistema jurídico tenta materializar em códigos, a componência da referida consciência, sendo o representante da sociedade na terra, e a bíblia da consciência colectiva.
Durkheim referencia as corporações como prova de que o poder judicial é uma dimensão conceptual adequada.
Segundo ele, poder-se-ia diminuir a anomia na sociedade moderna, o que para tanto apresenta duas soluções: por um lado o direito do trabalho - é preciso agarrar no poder judicial e fazê-lo funcionar no quadro das relações contratuais, entre empregadores e trabalhadores, de modo a atacar a luta de classes existente na altura -, por outro lado as corporações - dada a divisão social do trabalho, dada a solidariedade orgânica, dado o individualismo que é resultado da nova consciência colectiva, as pessoas dirigem-se a sectores industriais muito diversos, com variadissímos contratos de trabalho -, sendo importante para cada sector da sociedade, constituir uma corporação com regras próprias, com uma consciência colectiva mais adequada e com as actividades profissionais das pessoas.
Uma das razões que leva as pessoas a perder a orientação da consciência, entrando em anomia é a transição da sociedade solidariedade mecânica para a sociedade solidariedade orgânica.
O estado tem a função de defender a sociedade da anomia, tendo o Estado como função defender a sociedade e promover a coesão social, necessitando para isso de algumas medidas sendo o caso do direito do trabalho e das corporações.
O Estado é a grande descoberta de Weber em relação ao capitalismo de Marx.
Karl Marx entende ser o Estado um apêndice do capital, um instrumento do mesmo, deixando este de ter função com o surgir do socialismo. Sendo primordial acabar com o capitalismo e com a propriedade privada.
Para Max Weber a burocracia, ou seja o Estado, é o essencial da sociedade moderna, porque tem a ver com as regras de administração de territórios, relativamente extensos, onde haja mercado e o mínimo de segurança para estabelecer o capitalismo, o qual existe sem nunca se ter organizado em forma de sistema, já que o sistema capitalista não existe, só tendo acontecido graças à burocracia que é a expressão máxima da racionalidade ao nível do aparelho de Estado.

A burocracia é constituída por grupos de funcionários públicos, e pela autonomização desses mesmo funcionários em relação ao poder político e ás massas. O funcionário público não é público nem poder político, é uma formação especifica do quadro administrativo que tem um conjunto de regras, regras as quais advêm do poder político.
Considera-se a racionalização a forma cultural cultura de formalizar as coisas de uma determinada maneira, sob determinado ponto de vista. O sistema político pode ser democrático, e em Weber democrático não tem qualquer valor moral mas sim com um valor cínico. A democracia não é um valor positivo, mas sim um sistema.
O Estado em Weber é pois, uma realização particular da história ocidental, que se materializa num esquema burocrático e que tem várias igualdades, essencialmente a igualdade de todos perante a lei.
Em resumo, Durkheim acha que o Estado cumpre um papel de coesão social e que este terá de ser adequado á consciência colectiva, sob pena de aumentar a anomia, a qual pode baixar os seus valores através do poder judicial, das corporações e o direito do trabalho.