terça-feira, setembro 05, 2006

Os postulados da saúde, medicina e da doença


Numa primeira reflexão pode-se verificar a existência de duas faces: a sociologia e por outro lado a saúde, medicina e doença.
O conceito científico é provisório e parcelar, nós apenas conhecemos pequenas parcelas.

A saúde, a medicina e a doença são considerados fenómenos sociais, exteriores ao indivíduo, onde a saúde é diferente de doença.
A sociologia trata os fenómenos sociais como sendo coisas, no entanto, estas podem ser coisificadas, ou seja, podem ser medidas, e pode-se mesmo afirmar que muitas vezes esta ciência social utilizou o mesmo caminho de algumas ciências naturais.
A sociologia, como ciência de observação que é, estuda, numa perspectiva positiva o conjunto dos fenómenos, estruturas, instituições, grupos, poderes, relações de força e comportamentos que se manifestam pelo facto do indivíduo viver em sociedade.
Na sociedade existem instituições e agrupamentos sociais dos quais fazem parte as instituições de saúde, como os hospitais e os centros de saúde.

Nas instituições de saúde o doente ganha um estatuto diferente devido à sua patologia, onde é tratado por médicos, no entanto as doenças de hoje não são as mesmas do passado.
A sociologia é uma ciência pluriparadigmática, pois existe uma complexidade real da acção humana, que pode ter como objecto de estudo a doença e também a saúde, ela tem uma forma diferente de construção dos objectos, mobilizando os conceitos.

Faz cruzamentos entre os vários autores tendo sempre como objectivo a análise dos fenómenos da saúde e da doença, como é um exemplo disso o estatuto do doente, dá ênfase à diferenciação social, no que se refere a classes ou grupos sociais. A saúde é um objecto de estudo mas não é um ramo da sociologia.
Na sociedade o indivíduo que se encontra doente é uma personagem social e a sua doença é considerada a realidade construída, daí a importância da saúde como um bem fundamental à vida e à própria sociedade, originou o aparecimento da sociologia da medicina e da saúde.
Segundo a autora Graça Carapinheiro, o sociólogo é um colaborador do médico, interpretando a relação estabelecida entre a doença e o doente, em interacção com a sociedade cultural em que este se insere.
A perspectiva do fenómeno de análise das dimensões sociais é diferente: as dimensões são o resultado da análise e da teoria. Cada ciência interpreta a realidade social de uma forma diferente, e que distingue por: problemática teórica (construção do objecto), a ideologia está sempre presente na ciência; definição de problemas; as diversas ciências constroem objectos e paradigmas que servem de orientação nas pesquisas.
O contexto histórico-social é fundamental no estudo das doenças, na sua configuração e no seu aparecimento. O nível paraxiológico remete-nos para um nível representacional da doença, pois as representações sociais são avaliações sociais. O nível imaginário remete-nos para o futuro como imaginamos o fim, como por exemplo a sida, esta tem um curto prazo de vida.
Existe uma tentativa, por parte da medicina em transformar uma doença aguda numa doença crónica, para se deixar de morrer da doença mas sim para se viver da doença.

A sociologia médica nasceu nos Estados Unidos da América, enfatizando a profissão médica com a sociedade, bem como as relações entre os profissionais de saúde e os doentes.
A sociedade colocava em causa a medicina que justificava a doença social através de causas naturais, onde a sociologia explica o social pelo social, o que significava a queda do biologismo.

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