Historicamente discutiu-se se a sociologia poderia ou deveria aspirar a ser uma Ciência como sendo um modelo para conduzir pesquisas, sobretudo na medida em que o único meio para demonstrar relações de causa efeito – A experimentação – é difícil, senão impossível para se usar com a maior parte dos problemas sociológicos.
O método é pois um processo formado por um conjunto de fases de actuação sucessivas.
O método científico é accionado pelas várias ciências. As Ciências Sociais, em particular, utilizam-no na investigação sobre a realidade social.
A investigação em Ciências Sociais implica sempre a mobilização de um procedimento ou estratégia de pesquisa, ou seja, a forma como a investigação é planeada ou realizada.
A investigação científica sobre a realidade social, não é mais do que o processo de aplicação do método (procedimento geral orientado para o conhecimento científico) e de técnicas de pesquisa científica (procedimentos de actuação concretos e particulares que podem ser mobilizados nas diversas etapas do método científico).
Durkheim quis toda a sua vida ser um pensador positivista e cientista, um sociólogo capaz de estudar os factos sociais como coisas, de os considerar exterior ao indivíduo e de deles dar conta como os especialistas das ciências naturais dão conta dos fenómenos.
A resposta de Durkheim à questão de método é a seguinte: “Para estudarmos cientificamente um fenómeno social, temos que o estudar objectivamente, quer dizer, do exterior, descobrindo a via pela qual os estados de consciência não directamente captáveis possam ser reconhecidos e compreendidos” (Divisão do Trabalho Social).
Para Durkheim o objecto de estudo da sociologia são pois, os factos sociais, sendo estes considerados por ele como “formas de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se impõe a ele”.[1]
Para Durkheim o sociólogo deverá abster-se de ideologias e definir rigorosamente os fenómenos estudados.
Podemos pois sintetizar o pensamento positivista de Durkheim ao focar dois aspectos: a sua metodologia e a sua concepção da sociologia. Quis antes de mais obter um estatuto de cientificidade para a sociologia nascente. Para isso, tentou caracterizar a especificidade da Sociologia e definir os métodos que lhe são mais adequados.
Em “As Regras do Método Sociológico” apresentou duas propostas que originaram interpretações muito divergentes.
O método de análise utilizado por Durkheim é um método objectivo em que é indispensável que os factos sociais sejam tratados como coisas.
Estabelece pela primeira vez na história da Sociologia, regras para um método de investigação sociológica, dividindo-as em funções das respectivas aplicações – observação dos factos sociais, distinção entre normal e patológico, explicação dos factos sociais e, finalmente, administração da prova.
Para Max Weber a sociologia é uma ciência que tem por objectivo interpretar a actividade social, explicando o seu desenvolvimento e os seus efeitos.
Uma das diferenças entre Durkheim e Weber é o objecto da sociologia. Para Weber, o objecto são as relações sociais, verificando-se uma diferença entre a sociedade e o indivíduo e, que a posição do observador, tem um papel importante na própria análise; este é o problema da neutralização da perspectiva específica do autor que está a fazer a investigação.
A neutralidade sociológica pressupõe dois factos: O critério de avaliação que Weber acha conveniente para aceitar a produção sociológica e, por outro lado, se nós temos a capacidade de impor ao público esse tipo de reflexão como legítima em relação à sociologia.
A avaliação da qualidade sociológica de um determinado produto, é ela própria social.
O investigador, no campo das relações sociais, decide a axiomática, as regras com que vai trabalhar: qual o ponto de observação, qual o ponto que vai ser observado, o modo como se vai observar e por fim, que conclusões se podem tirar.
A partir do momento em que o investigador estabelece as regras do seu trabalho, estas têm de ser cumpridas até ao fim da sua investigação. A actividade social deverá ser avaliada relativamente a uma acção “ideal típica” que seja racional.
Assim, o ideal tipo torna-se um instrumento privilegiado da pesquisa do sentido e da explicação causal. Pode ser definido como uma construção que liga as observações empíricas à perspectiva teórica.
O ideal tipo, o qual sendo abstracto, existe apenas no nosso imaginário e não na realidade, podendo contudo ser comparado com ela, sendo isto considerado a objectividade.
Durkheim resolve a objectividade estabelecendo a regra do método e usando a objectivação das ciências naturais na sociologia. Por seu lado, Weber faz uma análise menos radical do que é a objectividade, trazendo-nos a neutralidade axiológica e propondo uma análise em como a objectividade emerge como produto social.
A objectividade depende de um processo social, que por seu lado ocorre ao nível individual, ao nível do investigador, que separa as suas convicções e juízos de valores dos juízos de facto.
Os juízos de valor são as suas próprias concepções e os juízos de facto são aquilo que ele analisa em função dos seus interesses. Essa objectividade é avaliada socialmente quando possível de publicação numa edição sociológica.
[1]Jean Étienne et al, ”Dicionário de Sociologia”, Plátano Edições Técnicas, 1998, p 114
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