quinta-feira, setembro 07, 2006

Ideologia


A ideologia antecipa a teoria, daí que a subjectividade em Ciências Sociais é quase nula.
Segundo Shumpeter a ideologia significa o coeficiente de um determinado indivíduo, sendo o coeficiente, um conjunto de valores e ideias que orientam o comportamento de uma pessoa.

Nele estão incluídos o meio em que a própria pessoa é criada, a classe social a que pertence, e a sua própria subjectividade.
Um indivíduo é movido como sendo seu guia, pelos seus processos de socialização.

Se formos ao estrangeiro vamos encarar a sociedade segundo o processo de socialização pelo qual passamos, e muitas vezes tecemos juízos de valores.
A realidade não existe na sociedade, existe sim a realidade, pela qual nós vemos essa sociedade, segundo os nossos valores de socialização.
Temos várias perspectivas da realidade social, variando elas segundo a perspectiva do autor, daí ser quase impossível existir uma objectividade, numa perspectiva sociológica. Segundo Schumpeter a visão antecede a teoria.
MARX foi um grande pensador que utilizou o conceito de ideologia para analisar a sociedade.

A ideologia é uma forma deformada de fazer a leitura da realidade, que está ao serviço da classe dominante. Utilizou como exemplo a economia de mercado ou a ciência económica capitalista.
Essa ciência é uma pseudo ciência porque não corresponde à verdade, é um instrumento da classe dominante (poder), porque a economia justifica a exploração do Homem pelo Homem; a classe dominante é quem tem o poder político e económico.
Quando se fala de ideologias do desenvolvimento há que ter em conta: o desenvolvimento como ideologia e o desenvolvimento como utopia.
No desenvolvimento como ideologia: as sociedades tidas como desenvolvidas auto denominam-se como referência, modelo a seguir, pelos países em vias de desenvolvimento; produzem formas de pensamento e interpretação da realidade que acaba por constituir ideologias, as teorias escondem as ideologias; as utopias de exportação são modelos da sociedade capitalista e socialista, no fundo modelos não aplicáveis e por isso utópicos.
Estes factores têm representações nos países em vias de desenvolvimento: elemento mimetesco, ou seja, imitação copiar, sem perguntar porquê; elemento imparcial.
O elemento mimetesco é a transferência de modelos, ou seja, copiam os modelos; importam os modelos dos países desenvolvidos, o que muitas vezes origina vários problemas nos países em vias de desenvolvimento.

A cultura, normalmente os intelectuais do Terceiro Mundo que estudam nos países desenvolvidos, existe uma correspondência cultural; eles são veículos de transporte dos modelos ocidentais.
A Cultura explica quem são as pessoas que praticam o mimetismo e porque estas são consideradas as “elites do Terceiro Mundo”.

A cultura é um meio de percepção e de conhecimento, é um instrumento que serve para entender uma determinada realidade.
Esta é também a motivação do comportamento humano, a cultura marca e influência a conduta da própria pessoa, é uma referência.
Contribui para a elaboração de critérios de avaliação. Quem é “formado” numa determinada cultura vai agir e pensar segunda essa forma cultural. Também contribui para a diferenciação e estratificação social, para a estrutura de sistemas de produção e de consumo.

A exportação é aceite nos países tidos como desenvolvidos. A cultura ajuda a comunicação entre os Estados, contudo prejudica os países em vias de desenvolvimento.
O Elemento Imperial é a extensão de poder a uma determinada região ou realidade.

Os países do Terceiro Mundo procuram o apoio do exterior, como protecção e como garantia de continuidade.
O desenvolvimento como Utopia não é possível aplicar este tipo de desenvolvimento nos países em vias de desenvolvimento, pois a cultura e as pessoas são diferentes. É necessário a existência de tecnologia adequada à realidade local; em vez de se criar uma fábrica de computadores, cria-se uma fábrica de catanas. O seu ritmo de crescimento vai ser diferente.
Como as Utopias não servem para nada, as sociedades são diferentes, existe um tipo de desenvolvimento que se podem dividir em três aspectos importantes: problemas ecológicos (o que não se passava no tempo da industrialização); cultura local, têm de se respeitar os problemas socioculturais desses locais; sociopolítica e sociocultura.
As consequências da Utopia dos modelos exportados:
Na década de 50 a URSS era considerada o segundo mundo, onde o Estado era centralizador. Existência do Plano, que era o elemento fundamental na actividade e actuação do Estado, e este era uma Estado burocrático. Como referência ideológica existia o marxismo.

No entanto existiam outras referências mundiais: o quarto mundo, em que eram os países orientais asiáticos, como a China, o Japão as Coreias, etc; tinham como referência ideológica o japonismo.
O terceiro mundo era considerado o mundo da família ou da aldeia, sendo esta caracterizada por comunidades locais. As suas referências ideológicas variam entre o gandismo, anarquismo e o marxismo.
No que se refere ao primeiro mundo temos o mercado, o capital e as grandes empresas, e que tinham como referência ideológica o individualismo.
Contudo na década de 70 a situação altera-se devido à queda do petróleo e do modelo do primeiro mundo foi desacreditado, gerou-se uma crise conjuntural, o primeiro mundo deveria ser um modelo a seguir pelos outros três modelos, contudo deixou de o ser.
Na década de 90 o segundo mundo deixa de ser um modelo a seguir, devido à queda do muro de Berlim, a URSS perde a sua atracção, inicia-se o fim do socialismo. A Europa passa a ser um modelo atraente a seguir, bem como o mundo oriental.

As problemáticas do Desenvolvimento são: as ideologias estão sempre disfarçadas nas teorias; as ideologias escondem interesses, assim como preconceitos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Interessante!!!