terça-feira, setembro 05, 2006

Sociedade e Eutanásia


A eutanásia costumava ser um problema social em sociedade primitivas em que se eliminavam os considerados inúteis como por exemplo os recém-nascidos com malformações e as pessoas idosas.
Esta prática veio, no entanto, a terminar com o aparecimento do Cristianismo.
Até ao século XX a eutanásia não voltou a constituir um problema social ressurgindo nos anos 30 deste século especialmente na Alemanha.
O século XX foi considerado o século mais civilizado. No entanto, a eutanásia não demonstra isso.

Demonstra precisamente o contrário. A eutanásia não significa civilização mas precisamente o contrário o que contraria o espírito que se tentou desenvolver ao longo do século XX. Este espírito funda-se no respeito dos Direitos do Homem e na Dignidade do Ser Humano.
A prática da eutanásia desrespeita a Dignidade do Ser Humano pois a dignidade é independente da raça, do sexo, da habilidade ou capacidade mental e da saúde do Ser Humano.
O respeito da dignidade do Ser Humano distingue a sociedade actual das sociedades primitivas nas quais a vida de uma pessoa com deficiências era depreciada.

Poderão afirmar os apoiantes da eutanásia que o ser humano morrer para não sofrer. Não pode se afirmar isto. O Ser Humano não perde a dignidade ao sofrer.
Actualmente a medicina oferece vias para aliviar a dor dos doentes terminais.

A sociedade apela à eutanásia pois é portadora de uma mentalidade que tem como objectivo escapar e de fugir à dor a todo o custo.
A eutanásia traz alguns efeitos para os elementos que constituem a sociedade. Um deles é o medo. Medo que um doente tem que os seus parentes ou o seu médico lhe diagnostiquem a eutanásia quando estiver inconsciente e não poder exprimir a sua vontade.

Mesmo que só se admitisse a eutanásia a pedido do próprio doente isto seria perigoso pois hoje seria a eutanásia voluntária mas o passo seguinte seria pedir a eutanásia para quem não está em condições de expressar a sua vontade como por exemplo, o deficiente mental, o doente inconsciente.
Os próprios debates realizados a favor da legalização da eutanásia voluntária tendem a dar como exemplos os doentes terminais inconscientes o que revela a intenção deste grupo social a favor da eutanásia de ir para além da eutanásia voluntária.
O facto de um familiar decidir a aplicação da eutanásia a outro familiar quando este estiver numa situação de inconsciência cria nas relações familiares um sentimento de insegurança, medo que deveria ser um sentimento de solidariedade, amor e generosidade.
Na decisão desse familiar em aplicar a eutanásia a outro familiar pode estar em jogo elementos económicos como heranças, encargos e incómodos e poupança de custos.

Actualmente isso já se reflecte porque cada vez mais os idosos são abandonados em instituições que cobram elevados preços ao familiar do idoso. O familiar tem todo interesse em se desembaraçar do idoso.
Poderá a eutanásia corresponder a um sentimento de compaixão por aquele que sofre?

Não, porque decidir praticar ou ajudar a praticar a eutanásia pode-se julgar que se está beneficiar aquele a quem dá a morte mas é um acto deplorável porque se está a decidir o que é bom e o que é mau para os outros.
Por exemplo, os doentes em vida vegetativa, isto é, inconscientes com uma lesão celebral irreversível ligados a um respirador poderão decidir? Claro que não podem decidir mas os outros acham-se no direito de decidir por ele pois não consideram essa situação digna de um Ser Humano.

Será a pessoa inconsciente desprovida de dignidade?
Não, mas o facto de ter direito à vida dá-lhe a dignidade de pessoa, de Ser Humano que por muito que esteja doente não deixa de ser um Ser Humano nem a sua vida por mais difícil que seja não deixa de merecer respeito.
O que os defensores da eutanásia consideram é que o direito à vida deve se colocar num contexto de um "controlo de qualidade" que pode variar de sociedade para sociedade fazendo com que se trate o corpo humano como um mero objecto.
Mas o Ser Humano e o seu corpo não podem ser encarados como um mero objecto. O corpo é o fundamento da dignidade da pessoa humana.
Os defensores da eutanásia consideram que os inválidos em situações extremas convertem as suas vidas sem sentido em situações gravosas para os familiares e amigos mas também para os cofres públicos pois supõem altíssimos custos em prestações para a segurança social.
É inadmissível a morte de Seres Humanos para que não sejam um peso para os familiares ou para melhorar as condições económicas da colectividade. Isto é uma manifestação de totalitarismo, ou seja, o sacrifício do indivíduo em favor da colectividade como foi o caso do regime nazi em que se eliminava os inúteis por razões socio-económicas.
A eutanásia prospera num clima social que foge a tudo o que suponha sacrifícios a favor dos outros.
A primeira fase, das Campanhas a favor da eutanásia e para a aceitação social desta, é a apresentação de um caso limite de modo a violentamente chocar a opinião pública fazendo desaparecer as razões para não admitir outros casos semelhantes.
A segunda fase é o aproveitamento de eufemismos ideológicos e semânticos aproveitando da complexidade conceptual e terminológica suavizando-se o verdadeiro significado de eutanásia passando a falar de que se "ajuda o doente morrer" desviando a atenção da realidade que não é mais do que matar um doente.
A terceira fase consiste em retratar os opositores à eutanásia como retrógrados, anti-progressistas, como fanáticos religiosos. Pretendem transmitir que a eutanásia é uma questão ligada à religião.

No entanto, não defender a eutanásia não é uma posição religiosa, as Humanista ainda que esta posição possa estar ligada a motivos religiosos.
Finalmente os defensores da eutanásia apoiam a sua posição em inquéritos favoráveis mas que a experiência mostrou serem pouco fiáveis.
Por exemplo, em Espanha assistiu-se a um caso em que os jornais anunciavam que os médicos de Barcelona se mostravam a favor da eutanásia. Uma análise aprofundada do conteúdo do inquérito mostrou que os médicos eram afinal contrários à eutanásia e que a sua opinião foi manipulada para servir uma causa que eles não partilhavam totalmente.

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